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domingo, 27 de fevereiro de 2011

Uma aula de Fisicstória ou de Hisotísica?

Antes do post, preciso agradecer ao professor Humberto, sem o qual seria impossível que eu tivesse preparado essa aula.

Ainda que não seja uma matéria realmente obrigatória, segundo os PCNs de História, a Revolução Industrial faz parte de praticamente todos os livros de história, aparece nos vestibulares, e sem dúvida está presente em muitas salas de aula.




É comum que ao trabalhar esse tema, o professor fale das origens da revolução, falando por exemplo, dos Cercamentos, um processo que causou o êxodo rural da Inglaterra e gerou um imenso "exército de contingente de mão de obra" que seria aproveitado pela burguesia para conseguir trabalho não especializado a baixo custo. ou então, que o foco do professor seja os movimentos sociais que surgiram pelos direitos trabalhistas, desde o radicalismo dos Ludistas até a postura conciliatória dos Cartistas, ou ainda o surgimento dos primeiros sindicatos nos Trade Unions.

Raros professores de história, entretanto, ousam se aventurar a explicar a parte técnica da revolução industrial. Por exemplo: como conseguiram criar o motor a vapor? por que motivo criaram primeiro as ferrovias e não os carros? como funcionava a eletricidade? etc. Isso é, em parte, justificável, uma vez que tais "minúcias" serão problema do professor de física do Ensino Médio.

Entretanto, ao deixar o funcionamento dos motores ou da eletricidade de lado, o professor de história perde a oportunidade de causar espanto e maravilha nos seus alunos. Existem alguns experimentos muito simples que podem reproduzir invenções que revolucionaram o mundo séculos atrás.

Primeiro vejam as fotos, e então vamos a uma pequena explicação de como reproduzir 3 destas invenções:

















1 - Telégrafo: Para isso basta fio elétrico (quanto maior melhor, algo como 30 metros), um interruptor de campainha, uma campainha (de preferência daquelas que tocam "pééé" e não da "dingdong"), um plug de tomada e uma folha com o código morse (que aparece abaixo):

Para montar o telégrafo, é preciso que o interruptor esteja próximo do plug da tomada, enquanto a campainha esteja no extremo oposto. A montagem é simples, basta descascar o fio e encaixar nos locais indicados tanto na campainha, como no interruptor. (O fio de tomada é duplo, um deles não será cortado, o outro lado dele é que será preso no interruptor e na campainha).

Um grupo de alunos fica em uma sala, onde está o interruptor, outro grupo de alunos, que receberá a mensagem, fica em outra sala. Cada grupo terá uma cópia do código morse.
O professor escolhe uma frase para os alunos passarem. Cada letra ou número é transformada em pontos e riscos conforme a tabela. Então ela é passada. Cada ponto representa um leve toque na campainha. Cada risco representa um toque demorado (é preciso treinar com os alunos a diferença entre um toque longe e um demorado).

Então, quem está na sala que vai receber a mensagem, vai transformando os toques em riscos e pontos novamente. Por fim isso é transformado em letras e números.

É normal que na primeira vez haja falhas, mas com um pouco de prática é possível que os alunos percebam como funcionava a tecnologia.


2 - A invenção da lâmpada: A lâmpada tem um funcionamento simples. A energia elétrica passa por um fio bem fino (filamento), isso faz com que o fio esquente. Assim como qualquer metal quando esquenta muito, ele emite luz. (vemos isso em filmes onde as pessoas estão fazendo espadas, por exemplo).



O problema é que, como o metal é muito fino e é necessário muito calor para ele brilhar, ele pode derreter. Mesmo que se coloque esse metal preso em algo que não derreta, é possível que se pegue fogo por causa do calor.
Só que para qualquer objeto pegar fogo é preciso oxigênio. Com esse conhecimento é que se teve a ideia de criar a lâmpada. Esse filamento é coberto por uma cápsula de vidro, onde se injeta um outro gás, para expulsar todo o oxigênio (no caso usam argônio).

Uma vez que os alunos saibam o processo é fácil criar uma experiência interessante. Se quebrarmos o vidro da lâmpada sem deixar que isso rompa o filamento, então deixaremos o ar entrar. Assim que acender a lâmpada ela vai começar a esquentar e em pouco tempo vai "pegar fogo". Mas não se preocupe, no instante que o fogo começar o filamento se rompe, a energia para de passar e a lâmpada apaga. Então não há perigo de incêndio (por precaução, desligue o interruptor assim que a lâmpada queimar).

3 - Motor a Vapor: Esse é o mais interessante, mas também o que requer um pouco mais de trabalho. É preciso um frasco de vidro resistente ao calor. O melhor é pegar um erlenmeyer de um laboratório. Uma rolha, duas cargas vazias de caneta tipo BIC, um arame, barbante, dois tubos finos de vidro ou plástico duro.

Para montar o "motor" vamos usar a imagem abaixo:


Você coloca água até metade do frasco. Fura a rolha passando o arame por dentro e fazendo um "nó" no arame de modo que ele possa deixar a rolha suspensa. A parte mais difícil é furar a rolha para entrarem os tubos de vidro (existem algumas rolhas que você já compra com os furos e os tubinhos de vidro) Então, no final de cada tubo de vidro coloque o pedaço das cargas de caneta e vede com durex. É importante que cada carga esteja apontado para um lado diferente, para que o frasco gire quando o vapor sair.

A montagem é difícil (e deve ser feita antes da aula, pois demora um pouco) mas, depois é simples. Basta amarrar um barbante no arame (deixe ele de modo a facilitar a amarração, como na figura acima) e então coloque sobre o fogo. Quando a água ferver o motor vai girar, como mostrei nas fotos acima.


autoria: Leandro Villela de Azevedo - professorleandrovillela@gmail.com
Ilustrações: Karen  Novak


(Revisado por Heloisa Machado em 14/05)

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