Recente provérbio dos professores
Essa frase já foi dita para mim por diversos dos meus colegas, das mais diversas áreas. Realmente parece haver uma grande resistência dos jovens e adolescentes aos formatos mais tradicionais. Além disso, algumas vezes, por algum motivo parece que, quando eles percebem que vão aprender alguma coisa, já fazem uma resistência a isso, mesmo quando a aula é diferenciada dos padrões tradicionais.
Ao mesmo tempo duvido que eles, tendo a oportunidade de realmente conversar com alguém do passado, perderiam a oportunidade. Penso isso pois, quando ensinava cultura indiana, e enfim pude trazer indianos para conversar com eles, houve o completo silêncio, sabiam que era uma oportunidade única e aproveitaram até a última gota. Da mesma forma quando puderam entrar em contato com o soldado israelense através de uma vídeo-conferência ou com um especialista em cultura andina, com seus instrumentos peculiares.
Foi justamente pensando nesses sucessores (que apesar de incríveis são raros, pois nem sempre temos como conseguir contato com essas pessoas) foi que eu desenvolvi a atividade "Cartas ao Passado". A ideia era bem simples, os alunos poderiam escrever suas cartas a personagens históricos, sejam estes famosos ou genéricos (como "um agricultor egípcio" por exemplo, mesmo que anônimo). Nesta carta poderiam falar qualquer coisa que quisessem, contar seu dia no futuro, fazer perguntas sobre o passado, etc. Entretanto, a grande curiosidade estava na promessa de que os persnagens iriam responder.
É claro que foi-se a era da ingenuidade, nenhum dos alunos realmente, mesmo que por um menor instante, chegou a acreditar que aqueles e-mails realmente iriam ao passado, sabiam que eu é que os responderia, mas a criação de um universo fantástico, mágico, onde seria possível se comunicar com o passado os motivou. Repeti essa atividade por 3 anos seguidos (no último ano contei com apoio da professora Simone Jorge).
Essa atividade é muito interessante pois, permite ao professor avaliar outras situações que seriam impossíveis em uma avaliação formal, como uma prova. Por exemplo, como o aluno transpõe elementos do seu cotidiano para o passado, como a ideia de namoro, de felicidade, de trabalho, de tempo, de evolução. E pela percepção de cada um deles é possível identificar dúvidas e conhecimentos mal apreendidos durante o trimestre, assim revisar pontualmente elementos da matéria.
Além disso, dependendo do ensinamento, o melhor era deixar que o personagem do passado o fizesse, através de uma defesa de sua própria cultura ou não entendimento do que foi explicado. Desta forma o aluno ao mesmo tempo que se divertia ao ler sua resposta percebia novos elementos das sociedades estudadas.
Abaixo coloco o link para a leitura de algumas destas cartas.
http://cartasaopassado.blogspot.com/
Caso algum professor, lendo meu post, tenha interesse em aplicar essa atividade em sua escola, peço a gentileza de compartilhar comigo o resultado para que eu possa divulgar aqui neste site. Obrigado
autoria: Leandro Villela de Azevedo - professorleandrovillela@gmail.com
(Revisado por Heloisa Machado em 14/05)
Gostei da ideia! Uma outra forma seria fazer com que o remetente e o destinatário fossem ambos alunos.
ResponderExcluirA atividade seria feita em dupla, com preparação prévia. Com base em conhecimentos biográficos, os alunos deveriam enviar as cartas e receber a resposta.
Oi Leandro, muito interessante este trabalho desenvolvido por seus alunos. Gostaria de mais detalhes. COmo fizeram, qual programa utilizaram? Parabéns!
ResponderExcluirÉ verdade ... nunca experimentei da forma proposta pelo "história digital" mas gostei da ideia, e adoro experimentar transformações das atividades já aplicadas, valeu pela dica.
ResponderExcluirLeandro
ResponderExcluirLendo a descrição desta atividade, lembrei-me com saudades de quando dava aula de pré-história aos alunos de 11 anos explorando muito da magia e imaginação deles. Eles separavam objetos de seu cotidiano que pensavam ajudar os arqueólogos de 50 mil anos futuros a descobrirem sobre seu modo de viver, enterravam numa caixa no fundo da escola... depois de dois meses de aulas de história da pré-história, cada grupo de alunos desenterrava a caixa de outro grupo, sem saber o que tinha lá, e tinham como desafio fazer uma leitura como "arqueólogos" sobre quem eram e como viviam os "donos/usuários" daqueles objetos "escavados"... a atividade era um agito só na escola... a começar pela direção da escola que estranhou meu pedido de material para a aula: uma enxada!!!!