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sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Mais uma da série "Um satélite inteirinho só para você" - Aqui - "Terra à Noite"

Essa postagem dedico à minha colega Renata Terrence, professora de geografia, na esperança de compartilhar com ela, e com todos os outros professores de geografia interessados, algumas possibilidades de explorar um interessante material divulgado pela NASA há uns anos atrás, que é o "Mapa da Terra à Noite" (Night on Earth)


A resolução da imagem original sem dúvida é bem maior do que essa, mas como não seria possível inserir no blog uma imagem muito grande, o melhor foi isolar as partes e comentá-las separadadamente.
Apesar desta imagem estar um pouco desatualizada (ela é de 2000), podemos verificar uma série de elementos do mundo moderno através dela.

Vamos começar, por exemplo, com o Brasil


É possível verificar claramente como que, apesar do Brasil ser um país muito grande, a maior parte de seu território ainda é praticamente inexplorado, especialmente a região centro oeste e norte. Basicamente a região entre São Paulo e Rio de Janeiro e o litoral do nordeste é que concentram toda a iluminação.

Vamos prestar atenção em alguns detalhes. Dá para ver uma linha clara entre esses dois pontos luminosos no círculo amarelo? Pois é, esses dois maiores pontos são São Paulo e Rio de Janeiro, e a linha que liga os dois é a Dutra. Como as cidades vão se juntando junto à rodovia, quase parece uma linha reta. Mesmo ainda de São Paulo dá para perceber algumas linhas indo pra esquerda (oeste) são as estradas que entram para o interior.
No círculo vermelho, percebemos quase "no meio do nada" dois grandes pontos luminosos. São Brasília e Gioânia, demonstrando como essas cidades ficam isoladas e se destacam dentro de um cenário ao qual não parecem pertencer.
No círculo verde, isolado no meio de um monte de "escuridão" temos Manaus, isolada, praticamente só acessível de avião, que por causa da Zona Franca, acabou se tornando industrializada no meio da selva.
Em lilás temos Salvador, a maior capital do nordeste, mas praticamente ligada às outras capitais todas no litoral.
Seguindo do círculo verde pra cima chegamos a uma região onde realmente não existe nenhuma luz em destaque, é a região das Guianas e Suriname, praticamente sem áreas iluminadas de destaque.

Vamos sair agora do Brasil e viajarmos ... quem sabe para a Europa


A primeira coisa que realmente se destaca é a diferença entre a iluminação da Europa e da América do Sul. Demonstrando que, ao contrário daqui, praticamente todo o território é coberto de cidades, e todas com amplo grau de evolução (e luzes noturnas) ,mesmo assim um olhar mais atento nos revela outros dados interessantes:

De novo temos as capitais como regiões mais claras do que o resto. Aqui selecionei Moscou, Madrid, Roma, Paris, Berlim e Londres.

Da Rússia, por exemplo, podemos ver linhas semelhantes àquelas que vimos no Brasil antes, são as ferrovias. E o interessante é acompanhar no mapa maior e ver como elas aparecem nitidamente cortando a Rússia, vamos acompanhar:

ali no cantinho à esquerda está Moscou veja como que é muito evidente que há um vazio abaixo (deserto de Gobi) e um vazio acima (Sibéria) com uma zona muito estreita por onde realmente há, de fato, civilização.

Ainda na Europa, destaque para os países do mediterrâneo, é quase possível ver uma linha separando mar do continente, isso porque há uma quantidade muito grande de cidades costeiras (por causa das praias e do mar).
Vamos então para a Oceania:

De forma completamente oposta à Europa, praticamente temos apenas "vazio" dentro da Austrália. Veja que tirando poucas cidades costeiras mais importantes, todo o restante do território é vazio (deserto).
A África, é um dos mais interessantes de serem analisados:

Dá para perceber claramente uma região mais iluminada ao sul. Grandes vazios, e ao norte outra região (próxima à Europa) bem iluminada. A região ao norte é a chamada "África Islâmica" ou "África Branca" ou ainda "Magreb" enquanto, a parte de baixo é a "África Negra". O gigantesco deserto do Saara que divide as duas, apesar de ter poucos pontos de luz, mostra que tem mais vida do que poderíamos a princípio esperar de um deserto.


Ao sul, a única região que realmente merece destaque é a África do Sul, dá para ver com clareza a diferença das luzes nela e no resto, demonstrando uma evolução urbana muito maior do que os seus países vizinhos.


Mais impressionante entretanto, ao meu ver, é o Egito. Veja como podemos ver CLARAMENTE o Rio Nilo, apenas na região junto ao rio temos luzes (portanto cidades).
Veja que maravilha essa foto tirada da estação espacial Mir demonstrando o Egito "ao pôr do sol" visto do espaço:


A linha do Nilo é clara e mais a leste (direita) claramente Israel em destaque.



Na Índia a situação também é impressionante. Veja como as luzes fazem o perfeito contorno do país. O incrível destaque mostrando a diferença da evolução da vida urbana da Índia para seus vizinhos. Compare olhando no mapa abaixo:



Ainda na Ásia, temos, o que, ao meu ver, é o mais impressionante de todos. Veja abaixo:


Repare que perto de uma área muito iluminada (vermelho) temos uma área praticamente sem luz alguma (amarelo). Seria isso um deserto escondido próximo a uma área urbana? Seria um acidente natural a causa disso? Não. A Causa disso é a divisão das duas Coreias. A Coreia do Sul, aliada a países como Japão e Estados Unidos, conseguiu desenvolver uma vida urbana muito mais intensa que a do norte, que praticamente está "na escuridão".

Para terminar, outro contraste:

No mapa da América do Norte dá para perceber com muita clareza a divisão entre Canadá e Estados Unidos. Por quê? Isso pois o Canadá tem poucas áreas urbanas e é praticamente deserto em quase todo o seu território, com áreas glaciais e de tundra, praticamente sem área urbana.
No caso dos Estados Unidos dá para perceber como que claramente a costa leste (direita) é muito mais urbanizada que a costa oeste (esquerda). Apesar disso, algumas cidades nesta chamam muito a atenção pela quantidade de luzes, não é à toa que aqui está Las Vegas.

autoria: Leandro Villela de Azevedo - professorleandrovillela@gmail.com
(Revisado por Heloisa Machado em 14/05)

8 comentários:

  1. Sensacional! Estou esperando a próxima!!!

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  2. Do meu ponto de vista a urbanização e neste caso as luzes a noite demandam impactos ambientais gigantescos, em breve se continuarmos neste ritmo não teremos mais florestas, basta visualizar o google earth, grande parte das florestas já se foram, espero que os países pobres se desenvolvam mas em modo sustentável, para isso será necessária a ajuda dos emergentes e ricos. Abraço do Jony.

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  3. Bem interessante, essa análise. Tenho um contraponto sobre a Índia... A concentração de luzes do subcontinente indiano também engloba Bangladesh e parte do Paquistão. A coincidência do fim das luzes com a fronteira norte não é muito impressionante porque ali se inicia a Cordilheira do Himalaia, pouco habitada por causa geográfica.

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  4. A cidade de Manaus é ligada ao restante do país por estrada. Pela Br 319 e é ligada ao norte com a cidade de Boa Vista capital de Roraima pela Br 174. Inclusive a Br 174 liga Manaus a Caracas, capital da Venezuela. Se o viajante quiser, pode continuar subindo por estradas e chagar até os EUA.

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  5. São Paulo, Rio de janeiro, vale do Paraíba, Campinas, baixada Santista e Sorocaba formam juntas um conglomerado urbano de algo em torno de 40 milhões de habitantes. 40 milhões de corpos espremidos em um espaço bem menor que Sergipe, o menor estado brasileiro. A Mata Atlântica foi sendo dizimada aos poucos para dar lugar a essa macro-metrópole, 'a 1ª da América do Sul' como foi efusivamente comemorada pela mídia. Vozes que vem das esferas acadêmicas dizem quem é possível viver com qualidade em um lugar assim, bastando apenas que o dinheiro público seja gasto corretamente e o planejamento urbano ocupe enfim seu lugar nesse processo.

    Bem que gostaria que isso fosse verdade. Verdade ou não, o que espanta é que o Brasil ainda continua um país desabitado. Ou melhor, a população encontra-se pessimamente distribuída. Enquanto estão todos concentrados no litoral, de frente pro mar e de costas para o país, sobra enormes espaços vazios no interior brasileiro. Parece que em 2016 ainda vigora o Tratado de Tordesilhas.

    Nada justifica essa configuração demográfica.

    Vamos ver o que diz o governo federal: "através do Ministério das Cidades, vamos destinar recursos para o PAC das favelas, o Minha Casa Minha Vida..." e bla, bla, bla. Ou seja, o governo insiste no êrro de tratar os problemas a partir dos efeitos e não das causas. A continuar a política de destinação de recursos para manter os menos favorecidos nas cidades nada impedirá que a macro-metrópole dobre de tamanho nos próximos 20 ou 30 anos. Cruelmente porém, é nas grandes cidades que a pobreza produz ainda mais pobreza indo engordar o mercado informal, a criminalidade, a demanda por serviços públicos e os imensos bolsões de votos.

    Enquanto agonizam os menos de 8% que restaram de Mata Atlântica , o governo federal manda verbas para que os pobres não deixem as cidades em busca de um lugar melhor. Melhor manter esses milhões de desvalidos amontoados aqui onde a classe política precisa de seus votos.

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