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segunda-feira, 28 de março de 2011

Cooperação x Competitividade

Embora esse blog seja voltado para as tecnologias educacionais, sejam elas tecnologias eletrônicas ou humanas, creio que em alguns momentos, valha a pena a colocação de elementos para a reflexão dos leitores. É o que faço nesse post. Embora ele fale um pouco sobre a questão tecnológica, o seu foco é a reflexão sobre o “politicamente correto”. Tanto para o bem, como para o mal, temos algumas palavras ou termos que viram verdadeiros chavões da educação. Termos como cidadania, criticidade, autonomia, desenvolvimento sustentável, entram na boca do professor, coordenador, diretor e outros educadores em geral e acaba constituindo um “educacionês”, uma língua específica falada dentro das escolas (nas quais se engloba outros termos como: fund, htpc, avaliação parcial, diagnóstica, inclusão entre outros).
Todos os termos citados acima são indispensáveis para a elaboração de um planejamento significativo do professor, seja da área que for. Entretanto, esses termos isolados e não compreendidos podem, muitas vezes, gerar mais propaganda do que ações de fato. Já vi escola particular, por exemplo, jurando de pé junto que faziam “gestão democrática”. Como é possível isso numa escola particular? Ainda mais uma escola que tem como diretora uma senhora que faz o seguinte comentário "o quê? Referendo sobre as armas? Será que esses políticos não sabem o que é democracia? A gente vota neles, deixa eles roubarem para a gente não ter que pensar, e agora querem que façamos o trabalho deles escolhendo as leis?!".
Ou ainda, ouvi recentemente um colega comentando que em certa escola foi feito um levantamento de qual tema os professores queriam que fosse trabalhado nas reuniões pedagógicas, ao que foi escolhido “autonomia”. Sem dúvida, valor esse indispensável de ser desenvolvido nos alunos. Entretanto nesse episódio, pediram para que cada professor escrevesse uma questão específica que gostaria que a discussão abordasse. E entre as sugestões havia “como faço o meu aluno me obedecer calado sem questionar nada do que faço e só fazendo o que eu mandar?” (de certo a questão era sobre o tema "Autonomia"para que ele soubesse como impedir que o aluno fosse autônomo)
Seja como for, o valor especial que trago aqui é a Cooperação, que por muitas vezes, veio como sendo completamente oposta à sua arquiinimiga, a Competição. Que morra o “espírito” de “o importante é competir” para que nasça “o importante é cooperar”. Essa maneira de jogar sem vencedores e criticar eventos de competição entre alunos, além de ensinar que competir é nocivo aos valores éticos e morais do futuro milênio, transforma essa atividade em sinônimo de guerra que traz apenas destruição e aniquilação de raças.
Entretanto, ao mesmo tempo que vejo uma grande pressão por parte de alguns teóricos e muitos educadores contra a competição, vejo que para os alunos competir é natural. Mesmo quando a escola impede toda e qualquer competição de forma oficial, sempre é possível inventar outra. Em uma destas escolas “politicamente corretas” que trabalhei, os alunos competiam vendo quem conseguia comer mais bolachas de água e sal ou cachorros quentes em menos tempo, ou quem conseguia dar mais voltas em torno de seu próprio corpo sem cair. Parece-me que a competição é inerente ao ser humano e certamente muitos autores e filósofos hão de concordar comigo.
Entretanto, a questão não está em combater uma característica humana meramente má e nociva, como Hobbes poderia defender, mas sim em perceber que a competitividade não é oposta à cooperação, muito pelo contrário, elas se completam e se auxiliam. São raros os exemplos mais cooperativos como o de um time de futebol que treina e joga junto, completa os passes de bola, cada qual em sua função cobre o erro do companheiro. Essa equipe quando se depara com um conflito mantém o foco em comum, a vitória. Entretanto, um dos fatores que garantem a cooperação dentro e fora do gramado ou da quadra, não importa o esporte, é a competição desta equipe com as demais. É preciso aprender a cooperar dentro do time para derrotar o adversário.
As Olimpíadas, fantástico momento onde o mundo se une em celebração da paz através do esporte, é um evento em si competitivo, mas que necessita da cooperação de todos os países para que seja organizada. É necessário concordar com as regras, a localização, a organização de seleções e pré-seleções em cada continente para escolher os competidores e tudo ocorre dentro do maior espírito de cooperação para garantir que a competição ocorra.
Mas e como fica a tradicional Idea da lista dos melhores alunos em ordem de nota? Isso é bom para o desenvolvimento dos alunos? Não é menosprezar os que possuem maiores dificuldades? Depende da forma como é feito. Sem dúvida ver o seu nome em última posição de uma lista não é agradável, especialmente quando estamos em um mundo educacional de inclusão das mais diversas formas. Apenas colocar a lista dos 10 melhores pode ajudar um pouco, porém ainda assim não resolverá o problema, afinal o desânimo do aluno esforçado que nunca consegue entrar nessa lista, pode criar uma categoria de “sou burro e não adianta estudar”. A solução para isso, ao meu ver, está na teoria das inteligências múltiplas. Temos em média (depende do teórico) 10 inteligências diversas que uma pessoa pode ter. Caso as competições sejam diversas em várias áreas, é bem provável que a lista de melhores alunos possa também se diversificar de modo que todos entrem em alguma. Deixando claro que cada pessoa pode ter destaque em uma área específica.
Também é importante que para que a competição funcione ela esteja unida à cooperação. De modo semelhante ao que proponho no artigo a respeito da Gincana Cultural (Copa das Casas). O que fazer com o aluno que nunca consegue se destacar dentro de sua equipe ou em nenhum dos campeonatos individuais? Conhecê-lo melhor, pois certamente haverá algo pelo que ele se apaixone, algo pelo o qual ele se dedique com amor. Ainda que ele não seja o melhor da série naquela categoria, certamente estará entre os melhores.
Mas e você, leitor, o que acha de minha opinião? Já ouvi muitas discordâncias. Agora é a hora de ouvir a sua. Ajude a tornar esse blog mais interessante e mais polêmico. Discorde de mim. Poste aqui seu comentário.
autoria: Leandro Villela de Azevedo - professorleandrovillela@gmail.com
(Revisado por Heloisa Machado em 20/04)

2 comentários:

  1. Olá Leandro... Ando lendo suas postagens aqui e são sempre muito interessantes...
    Eu penso que o problema da competição é a relação que os homens estabelecem com ela... Na maioria das vezes não é uma relação tranqüila e saudavel, que pode ser algo bom pra nossa vida (já que é algo natural no ser humano), e sim uma relação destrutiva e doentia. E isso é muito marcante no mundo esportivo, pois o esporte é uma cultura corporal que teve sua gênese juntamente com a sociedade capitalista e isso não aconteceu por acaso, foi exatamente para ajudar na ascensão e manutenção do estatus quo. As pessoas poderiam ter uma relação mais bacana com o fenômeno esportivo se não pensassem somente na competição, nos resultados, e sim em uma experiência de crescimento em vários aspectos. Sempre comento com meus alunos que o esporte na escola, por exemplo, deve sempre privilegiar o "jogar com" e não o jogar contra". Bom essa discussão dá pano pra manga hem... Bom vc ter levantado esse assunto.
    Abraços e sorrisos!!!

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  2. olá. adore4i o seu blog, fala sobre temas que realmente chamam a minha atenção.já estou seguindo e gostaria que vc seguisse meu blog tbm:http://lopescriticasocial.blogspot.com/

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