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segunda-feira, 6 de junho de 2011

Visual, Auditivo ou Cinestésico


Faz já uns três anos que entrei em contato pela primeira vez com essa ideia da divisão das formas de aprendizagem. Há vários autores, incluindo de áreas não ligadas à educação (marketing por exemplo) que trabalham com essa multiplicidade de formas pelas quais as pessoas interagem com o mundo. Basicamente essa teoria defende que dependendo da vivência da pessoa na infância, ela dá foco maior para uma das três formas de aprendizagem (podendo também haver um equilíbrio entre as três).









Auditivo (ou linguístico) - A criança consegue aprender melhor através de uma estruturação verbal de palavras. Isso pode tanto ser ligado a ouvir histórias, ouvir a explicação do professores, como em ler textos. As pessoas que são mais auditivas, respondem muito melhor a estímulos linguísticos. É importante saber que isso não significa que a criança terá facilidade de escrever um texto, por exemplo. Um analfabeto pode ser auditivo. Isso apenas significa que ele processa mais facilmente as informações que ele escuta do que as que ele vê. Para uma pessoa auditiva, o relato de um filme, a descrição em palavras de uma situação, o planejamento através de palavras, tudo isso tem um valor muito grande. Como a maior parte da educação tradicional está voltada para lousa e fala, então essas crianças tendem a lidar bem com a escola. Mesmo que elas achem alguma matéria chata, mesmo que se distraiam sempre, elas tem facilidade para compreender o que lhes está sendo falado (ou mais facilidade para entender desta forma do que das duas abaixo)

Visual - A criança possui mais facilidade para compreender algo através de estímulos visuais. Ou seja, para ela é muito mais fácil compreender um gráfico do que uma sequência numérica. É muito mais importante as ilustrações e fotos do que os textos em si. A forma como o professor dispõe as palavras na lousa, em forma de mapa conceitual por exemplo, pode facilitar (ou dificultar) o aprendizado. Para uma pessoa visual, recursos como filmes, vídeos, charges, mapas, são indispensáveis. Ás vezes, um mesmo texto, sem os recursos visuais em anexo, pode ser incompreensível, mas bastam alguns exemplos visuais para o aprendizado (e o interesse) serem mais bem desenvolvidos. No cotidiano da escola, hoje em dia, é muito importante que os professores consigam recursos visuais sempre que possível, isso pois o nosso mundo está repleto destes apelos visuais, o que torna a pessoa visual facilmente distraída por outros estímulos visuais. Por exemplo, uma pessoa visual terá menos interesse em ler esse meu post, uma vez que ele não possui esse tipo de estímulo. Ainda que a pessoa esteja concentrada nesta leitura, qualquer chamada visual poderá lhe distrair, como um vulto ao seu lado, o movimento de um ventilador, algum objeto perto de si. Isso pois o foco de sua atenção de aprendizado está nas imagens, e não nas palavras. Ao mesmo tempo, essa pessoa poderá ser aficcionada por documentários, esquemas, mapas conceituais, entre outros.

Cinestésica - A criança possui mais facilidade de aprendizado através da interação física com objetos. Para essas crianças tanto a fala, como as imagens podem fazer menos sentido do que uma interação pessoal. Neste caso, aulas como as de laboratório, de educação física, ou mesmo as que os professores possam trazer objetos para serem manuseados, terá muito mais informações disponíveis, do que a aula tradicional. Isso não significa que a criança consiga se expressar com facilidade através de seu corpo. É importante lembrar que essa divisão em três formas de aprendizado, não está diretamente ligada à questão das inteligências múltiplas (sobre as quais ainda falarei aqui). Neste caso é fácil que eu, autor deste artigo, dê como exemplo eu mesmo. quando fiz um teste desta divisão, obtive como resultado que eu era um perfeito equilíbrio entre as três formas. Entretanto, eu que não tenho os menores dotes físicos, pratico esportes, sou desequilibrado corporalmente, não tenho rítimo de dança e nem bater palmas no rítimo da música consigo, jamais poderia imaginar que eu tinha o meu lado de aprendizado cinestésico tão desenvolvido quanto os outros. Entretanto, prestando atenção na forma como eu aprendo (e não como exponho minhas ideias) pude ver facilmente a presença de fatores de manuseio. Toda vez que tenho a oportunidade toco nas coisas, desmonto pequenos objetos para ver como funcionam, interajo, fuço, e até mesmo destruo coisas no processo. Algo típico de quem é cinestésico.


Utilizando-se desta divisão nas aulas de história:

Aqui está presente um grandioso desafio. Veja que a aula de história em si é essencialmente linguísitica (utilizando-se de um recurso auditivo ou de leitura) uma vez que ela é compsosta de narrativas históricas. Então como fazer para que os alunos mais visuais ou mais cinestésicos possam aprender com mais propriedade?

Bem, no campo visual temos uma pluralidade de recursos. Desde fotos dos povos das civilizações antigas, cartazes de guerra, vídeos históricos, documentários, fotos de ruinas arqueológicas, possibilidade de se analisar quadros, desenhos de vasos, etc. Então, por mais que haja a dificuldade na obtenção de tais recursos ou na estrutura da escola para os apresente (como datashow) Temos, a princípio, uma riqueza de material de pode ser explorada, caso vençamos as barreiras iniciais.

Agora, e o campo Cinestésico? Como é possível ao aluno interagir manuseando objetos históricos? Esse desafio é grande, mas alguns recursos existem. Primeiramente temos oficinas de arqueologia, que, ao meu ver, podem ser muito mais interessantes do que se enterrar no quintam pedaços de falsos fósseis para serem desenterrados, pois isso, apesar de gerar uma brincadeira, não trará conhecimento em si. Entretanto, a possibilidade de, por exemplo, interpretar através de objetos, características de seus possuidores, tornar-se uma atividade muito mais interessante. Temos também a possibilidade dos "live-actions" espécies de teatros interativos onde cada aluno pode assumir o papel de um determinado personagem histórico dentro de um contexto (ainda havendo a variação desta atividade chamada Simulação Global, muito comum nas aulas de línguas). Temos a possibilidade também de algumas oficinas históricas, por exemplo, ensinando os alunos a debulharem trigo como nos povos antigos, fiarem a partir do algodão, como os povos mesoamericanos, fazerem laços de quipó como os andinos, ou até mesmo oficinas de cerâmica grega. Apesar de serem atividades complexas, elas podem dar a esses alunos uma oportunidade única de conseguirem compreender nuances que seriam impossíveis a eles apenas através da escrita.


Texto: Leandro Villela de Azevedo
Ilustração: Karen Novak

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